Gente que Inspira

Por: Sabine Schaade

Formado em Letras Libras, Fábio é professor de Libras do Ces.
Nasceu em São Paulo, Surdo de nascença, mas não o único da família. Seu irmão mais velho, que também é surdo e tem a Libras como 1ª língua, ajudou não só com a comunicação, mas também o fazendo acreditar em um futuro possível.

Confira a entrevista completa.

1- Nome, data e local de nascimento:
Meu nome é Fábio de Sá. Nasci, na cidade de São Paulo, no dia13 de agosto de 1984.

2- Nasceu surdo ou ficou surdo como?
Sim, nasci surdo!

3- É o único surdo da família?
Não! Somos quatro irmãos. Eu, que sou o caçula e meu irmão mais velho, somos surdos.

4- Sempre usou Libras? Se não, quando que ela se tornou sua 1ª língua?
Sempre usei a Libras, por causa do meu irmão.

5- Estudou em escolas para surdos ou ouvintes?
Estudei em escola de ouvintes onde tinha uma sala de surdos, uns dois anos mais ou menos, depois me mudei para uma escola de surdos em Pirituba e lá fiquei até completar o Ensino Fundamental.
Já no Ensino Médio fiz em um colégio regular, com intérprete.
Em 2010, me formei em Letras - Libras.

6- Você tem alguma lembrança de algum preconceito sofrido na infância ou adolescência?
Foi uma fase difícil?

Se as pessoas tinham preconceito por eu ser surdo, eu não percebia, porém mais velho quando eu chegava a um grupo só de ouvintes, às vezes acontecia sim de ter preconceito... As pessoas olhando.
Mas, eu ignorava!
As pessoas acham que o surdo não sabe das coisas, não sabe fazer nada... Mas nunca me senti um coitadinho por isso.
Participei de um grupo de teatro onde o professor explicou as pessoas serão sempre diferentes e eu aprendi isso.

7- Como é a comunicação com a sua família?
Como tenho um irmão surdo a comunicação com ele era fácil!
Quando era pequeno meus dois irmãos ouvintes se comunicavam comigo e meu irmão em Libras.
A Minha mãe sabia o básico, como por exemplo: comer, cuidado, perigoso... Coisas simples. Nada muito complexo, mas, com o tempo meus irmãos foram esquecendo.
Hoje, tenho 2 filhos e, ambos, são ouvintes e, com eles, a comunicação vai acontecendo naturalmente sem eu precisar ficar ensinando palavra por palavra.
Já com primos e o restante da família ninguém sabe Libras. Eu lembro que tinha um tio que até sabia, mas com o tempo também foi perdendo porque não tem muito contato.

8- Hoje você é professor no Centro de Educação para Surdos Rio Branco. Houve dificuldades para realizar esse sonho, quais?
De verdade? Eu nunca pensei que meu futuro seria difícil, porque eu via outros surdos se desenvolvendo, lutando e eles serviam como modelo pra mim.
Quando eu entrei na faculdade eu sabia que teria dificuldade, mas, eu sempre fui muito firme no meu propósito, participava de tudo, não faltava e fui adquirindo experiência.
Sem contar que lá, também tive um ótimo interprete.
Hoje, eu trabalho aqui no Centro de Educação para Surdos Rio Branco, como professor de Libras para as crianças e suas famílias e, também, em diversos outros projetos na educação e cultura.

9- Quais são os seus sonhos?
Meu maior sonho é um mundo sinalizante! Onde todos possam se comunicar. Só isso!

Fábio de Sá

"Eu de verdade nunca pensei que meu futuro seria difícil porque eu via outros surdos se desenvolvendo, lutando e eles serviam como modelo pra mim.", relata Fábio.